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Caso Isabele: “Fantástico” relata hora aproximada do tiro e dúvida sobre arma


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Uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu detalhes da investigação da Polícia Civil sobre a morte da adolescente Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, neste domingo (2).

Ela foi atingida por um disparo acidental feito pela amiga da mesma idade no último dia 12 de julho, no condomínio Alphaville, em Cuiabá.

A reportagem mostrou trechos dos depoimentos da adolescente de 14 anos, que teria disparado acidentalmente contra a amiga, e de seu pai, o empresário Marcelo Cestari, no último dia 15 de julho – veja reportagem na íntegra AQUI.

A matéria ainda apontou uma série de questionamentos que deverão ser respondidos ao fim do inquérito da Polícia Civil. A primeira é sobre quem manuseou a arma, fazendo com que a munição fosse para a câmara, deixando-a pronta para o tiro.

Segundo o namorado da adolescente que realizou o disparo – responsável por levar o objeto até a casa da menina -, o carregador estava com munição e inserido na pistola, mas não havia bala na câmara. Ou seja, para que houvesse um disparo, a arma teria que ser manobrada e não somente apertado o gatilho.

MidiaNews

Ulisses Rabaneda ARTIGO

O advogado Ulisses Rabaneda, que faz a defesa da família da adolescente acusada de atirar na amiga

“Se o jovem que deixou a arma não a alimentou, só uma pessoa poderia tê-la alimentado: a jovem que efetuou o disparo”, disse o advogado Helio Nishiyama, contratado pela família de Isabele.

Já para Ulisses Rabaneda, advogado da família Cestari, o namorado da adolescente pode ter se enganado quanto à manobra ou não da arma de fogo.

“O que tem incontroverso é que ela chega carregada e na hora que ele vai [embora] ela estava carregada. Estava com o pente com balas. O ponto de divergência é: como a bala foi parar na câmara? Ele alega que não deixou bala na câmara. Posso dizer que essa impressão dele pode estar equivocada”, afirmou.

Horário do crime

Outro ponto levantado pela reportagem é sobre o horário em que disparo ocorreu. Segundo Rabaneda, Isabele foi atingida entre 21h59m e 22h01m.

“Eu consigo apontar uma hora muito provável. As câmeras da residência detectam o seguinte: a filha fecha a porta às 21h59m48s [para que o namorado vá embora]. Essa porta volta a abrir, com gritos de desespero, às 22h01m47s. Ou seja, em um intervalo de 1m59s os fatos aconteceram”, afirmou Rabaneda.

Reprodução

Helio Nishiyama

O advogado Helio Nishiyama, contratado pela família de Isabele

Segundo a reportagem, as câmeras de segurança filmam a mãe da jovem que atirou saindo da casa para avisar a mãe de Isabele sobre a tragédia.

Enquanto isso, a câmara da portaria registra que às 22h01 o namorado da adolescente passa pela guarita. Já a primeira ligação do pai da adolescente para o Samu ocorreu às 22h02. Mas a filha mais velha ligou dizendo que se tratava de um tiro acidental.

Ele assegura inicialmente ao socorrista do Samu que era uma ocorrência fruto de uma queda no banheiro. Apenas minutos depois, avisado por uma das filhas, ele relatou que se tratava de tiro.

“Como ele teve essa percepção de que minha filha havia caído e não levado um tiro? Como uma pessoa com tal gabarito não consegue ouvir e distinguir o que é um tiro ou não?”, disse Patrícia Guimarães Ramos, mãe de Isabele.

Rabaneda afirmou que se Cestari quisesse de fato esconder o ocorrido, teria transmitido aos outros moradores da casa a sua intenção. “Mas não, a sua filha mais velha estava ligando para o serviço de atendimento, dizendo que foi um tiro”, disse o advogado.

Às 22h12m, câmeras do condomínio mostram a ambulância do Samu chegando. Mas a adolescente já estava morta.

Depoimento de enfermeiros

Os enfermeiros socorristas do Samu – que prestaram depoimento à Polícia Civil nesta semana – afirmaram ao delegado que teve dificuldade em entrar no condomínio. E que uma mulher que seria a mãe da adolescente que realizou o disparo estava retirando de uma mesa material de manutenção de armas.

Segundo a reportagem, o enfermeiro teria orientado a mulher a não mexer no material pois se tratava da cena de um crime.

“Houve uma grave falha no isolamento do local do crime. Diligências que deveriam ter sido feitas imediatamente não foram feitas”, disse o advogado Helio Nishiyama.

“Um detalhe muito importante: a arma não estava na cena do crime. Não estava. Eu me recordo de que o banheiro estava bem limpinho, só havia sangue em baixo da cabeça da minha filha e havia bastante sangue. Essa arma só apareceu com a chegada do delegado”, afirmou a mãe da vítima, Patrícia Guimarães Ramos.

Até agora, a Polícia Civil já ouviu mais de 20 pessoas – pelo menos sete estavam dentro da casa. Outras pessoas devem ser ouvidas nesta semana. Os delegados aguardam conclusão dos laudos de perícia do local.

Troca de roupa

Outro fato controverso levantado pela reportagem é sobre a troca de roupas da adolescente que atirou e sua irmã. As duas teriam ido na casa de um vizinho, tomado banho e se trocado logo após a tragédia.

As roupas foram entregues pela vizinha à Polícia Civil.

“Duas adolescente tiveram a ideia de tomar banho e trocar de roupa depois do que aconteceu. Eu não tinha conseguido nem trocar o meu roupão. Eu estava realmente chocada com tudo que havia acontecido. Pareceu um teatro, uma encenação”, afirmou a mãe.

Segundo Rabaneda, a adolescente relatou que estava se sentindo sufocada com a roupa

“Ela estava em pânico, desespero. E estava se sentindo sufocada e a roupa ficou ali”, afirmou.

Áudio

Neste domingo, o MidiaNews divulgou, em primeira mão, o áudio de uma das chamadas feitas ao Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) logo após a tragédia.

Na gravação, de 14min30s, é possível acompanhar a dinâmica dos fatos após a morte, como o nervosismo do empresário para tentar reanimar a jovem, a descoberta de que se tratava de um tiro, e não de uma queda – como inicialmente ele havia pensado.

A gravação revela também o desespero da mãe de Isabele, Patrícia Guimarães Ramos, que chega ao banheiro e se depara com o corpo da filha, e a chegada do médico Manuel Garibaldi, amigo da família, que constatou a morte.

O caso

Isabele Ramos foi atingida com um tiro no rosto por uma arma que estava sendo segurada pela amiga. A perícia de necropsia, produzida pelo Instituto de Medicina Legal (IML), apontou que o disparo foi realizado no rosto da adolescente, a curta distância, e causou traumatismo crânio-encefálico.

À Polícia, a adolescente que atirou disse que foi em busca da amiga no banheiro do seu quarto levando em mãos duas armas.

Em determinado momento, as armas, que estavam em um case, caíram no chão. “A declarante abaixou para pegar os objetos, tendo empunhado uma das armas com a mão direita e equilibrado a outra com a mão esquerda em cima do case que estava aberto”, revelou a menor em depoimento.

“Que em decorrência disso, sentiu um certo desequilíbrio ao segurar o case com uma mão, ainda contendo uma arma, e a outra arma na mão direita, gerando o reflexo de colocar uma arma sobre a outra, buscando estabilidade, já em pé. Neste momento houve o disparo”, acrescentou.

MidiaNews

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